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O consultor estratégico Juan Vilar analisa o papel de Portugal no setor oleícola a nível mundial

Portugal revoluciona no setor do azeite

Agriterra28/07/2020

Nos últimos anos, Portugal tem conseguido criar um nicho significativo no setor do azeite. Mais especificamente, a região do Alentejo tornou-se uma referência mundial para olivais modernos, sustentáveis e eficientes na última década. Juan Vilar, consultor estratégico e analista de prestígio internacional, trabalha há vários anos com os principais produtores do nosso país para desenvolver projetos de vanguarda que estão a revolucionar o setor da produção de azeite. Fomos saber, em primeira mão, como evoluiu o setor e o papel que Portugal pode desempenhar no mesmo nos próximos anos.

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Poderia fazer um breve resumo da situação da olivicultura a nível internacional?

Atualmente existem 11,5 milhões de hectares de oliveiras que cobrem o planeta, uma área semelhante à Andaluzia ou Portugal, se juntarmos todos os olivais numa única geografia, sendo que esta área já representa 1% da superfície total da área agrícola mundial.

Esta área já afeta 67 países que produzem azeite e/ou azeitona de mesa a nível internacional, sendo que 184 países consomem estes produtos.

Juan Vilar, consultor estratégico e analista internacional, tem vindo a trabalhar há anos no desenvolvimento do setor olivícola português...

Juan Vilar, consultor estratégico e analista internacional, tem vindo a trabalhar há anos no desenvolvimento do setor olivícola português.

2019 foi o único ano, se tivermos em conta os últimos 22, em que a superfície dos olivais no mundo diminuiu, devido a duas razões fundamentais: uma queda na evolução das plantações que passaram a ser de cerca de 50 mil hectares, quando anteriormente eram 150 mil, e o abandono de cerca de 210 mil hectares, parcial ou total, o que levou a que a área coberta por oliveiras passasse de 11,7 para 11,5 milhões de hectares, dos quais 30% são olivais modernos, e os restantes 70 % são tradicionais. Esta queda no cultivo de olivais foi atribuída a outras culturas como amêndoas, pistácios, abacates, ou pequenos frutos, incidindo principalmente nas primeiras.

Qual é a situação do setor da transformação de azeite?

Estamos numa crise internacional de procura no que respeita ao setor da transformação do azeite, ou seja, existe um excesso de produção em conformidade com a procura internacional de azeite.

As razões fundamentais desta crise na procura devem-se principalmente a vários fatores: um excesso de produção dado o elevado nível de plantação que teve lugar nos últimos 20 anos, durante os quais mais de 1,6 milhões de hectares foram plantados em todo o mundo, juntamente com uma queda no consumo nos principais países consumidores, cujos mercados se tornaram maduros, principalmente em Espanha, Itália, Grécia, Tunísia, Jordânia ou Portugal, entre outros, tudo isto devido a uma mudança nos padrões de consumo, que exigem hoje em dia uma quantidade crescente de alimentos pré-cozinhados, mas também porque se fazem mais refeições fora de casa. A maioria dos consumidores-tipo de azeite tem mais de 50 anos, o que significa que estamos a perder não só o consumo atual, mas também o futuro, uma vez que as pessoas com filhos em idade escolar não induzem os seus filhos a consumir azeite, razão pela qual a situação será muito mais grave no futuro se não criarmos políticas de promoção pró-ativas e adequadas.

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O que causou ou está a causar a tal crise de procura?

Atualmente, são produzidas em todo o mundo cerca de 3,2 milhões de toneladas de azeite, 40% do total é produzido através de olival moderno, ou seja, a produção atribuída a este modelo de olival já não é excecional, enquanto os restantes 60% são produzidos por olivais extensivos ou tradicionais.

Isto significa que devido ao desequilíbrio entre a oferta e a procura, houve uma queda dos preços, estes preços, abaixo dos custos de produção em alguns casos, provocaram uma situação de perdas que rondam mais de 70% do olival do mundo, não só olivais tradicionais, mas também olivais modernos com custos elevados, como acontece em algumas zonas da Austrália, Israel ou na Argentina, onde o olival moderno é afetado pelos elevados custos da água e eletricidade.

Desta forma, o setor enfrenta uma situação grave, em que 70% dos olivais em todo o mundo não são rentáveis, ou seja, mais de 8 milhões de hectares de olivais no mundo produzem azeite acima do preço de mercado, e esta situação tornou-se estrutural, não circunstancial.

Como resolver então esta situação de falta de competitividade desses 70% de olivais a nível mundial?

Em primeiro lugar, como já disse, estamos perante uma crise de procura, depois é necessário implementar uma série de medidas para expandir a procura de azeite, que tem de ser promovida por instituições empresariais de topo, como os ministérios da Agricultura, o Conselho Internacional do Azeite, o Conselho Interprofissional do Azeite, etc. e, idealmente, tais estratégias devem ser partilhadas entre os países de procura com mais maturidade, ou seja, através de iniciativas combinadas entre Espanha, Portugal, Tunísia, Itália, Grécia, etc.

Depois disso, é necessário estabelecer dois tipos diferentes de políticas ou ações, uma delas, que conduz à eficiência, o que se consegue basicamente através de olivais eficientes e da competitividade produtiva destes olivais, sendo que o olivicultor é alheio ao resto da cadeia de valor, e por outro lado, seria altamente aconselhável promover a diferenciação dos azeites, através de olivais orgânicos, bioregenerativos, biodinâmicos, olivais vivos, etc. Desta forma, o olivicultor obtém uma margem adicional nos seus azeites, melhorando o rendimento líquido dos mesmos através de um aumento do valor acrescentado.

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Qual é a posição de Portugal no contexto internacional da olivicultura?

Portugal, e mais especificamente o Alentejo, é sem dúvida, a maior referência internacional para olivais modernos, sustentáveis e eficientes.

Há várias razões pelas quais Portugal é o sétimo maior produtor mundial, e o nono maior em termos de superfície, a primeira das quais é a disponibilidade de água, especialmente na zona de Alqueva, que criou um ambiente particularmente adequado para esta e outras culturas, e por último, Portugal é o primeiro país do mundo que produz azeite virgem extra no Hemisfério Norte, o que lhe dá vantagem, e é o único produtor que tem esta categoria de azeite antes dos restantes 184 países, uma circunstância que lhe confere uma vantagem competitiva adicional, para as duas circunstâncias acima mencionadas.

Quando mudará o contexto da olivicultura internacional de acordo com as suas previsões?

Existem dois cenários claros, e tudo isto depende da proatividade com que se aborda a situação atual, ou seja, se a procura de azeite não for impulsionada conjuntamente pela procura, como acima referido, pela combinação de estratégias exercidas pelos países produtores, caracterizadas pela maturidade dos seus mercados no domínio do azeite, ou se estaremos perante uma situação de equilíbrio natural do mercado, que chegará, mas levaria pelo menos 3 anos, a menos que houvesse duas colheitas mundiais não muito boas que tornariam a situação mais fácil, se forem implementadas medidas para aumentar o consumo, tudo isto dependerá de como e quando o consumo se expandir, mas levaria consideravelmente menos tempo a encontrar esse equilíbrio entre a oferta e a procura, e portanto os preços recuperariam mais rapidamente.

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Como irá a pandemia de Covid-19 afetar o setor?

Houve dois cenários diferentes. Primeiro, houve um aumento da procura devido ao efeito de confinamento, ou seja, devido ao armazenamento de produtos agroalimentares, houve uma retoma no consumo de azeite, mas, por outro lado, registou-se uma paragem na indústria hoteleira e na restauração.

Depois registou-se também uma queda no rendimento líquido dos cidadãos, que se traduziu numa redução da intenção de compra, e que irá afetar nos próximos meses, de forma negativa, o consumo de azeite no âmbito internacional.

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