GLN adapta a produção em resposta à procura de EPI's Nos últimos tempos, foram várias as fábricas de plásticos que se adaptaram para passar a produzir equipamentos de proteção individual contra o SARS-CoV-2. É o caso da GLN, empresa do grupo Champalimaud, que, em poucas semanas, passou a fabricar em Portugal e no México óculos, viseiras e ‘straps’. No caso das viseiras, as peças fabricadas pela GLN PlastsãoosuporteemPP,desenhadointernamente e injetado com recurso a um molde fabricado em tempo recorde por uma empresa do grupo GLN, e o 'strap' que segura a viseira. Ao suporte é apli- cada, posteriormente, a película protetora cortada à medida e preparada para poder ser trocada sempre que necessário. Tanto as viseiras como os óculos e os ‘straps’, estão a ser comercializados no mercado interno e externo e distribuídos gratuitamente por instituições de saúde, forças policiais e corporações de bombeiros. Reconhecida pela elevada capacidade de inovação, a GLN considera que está preparada para continuar a dar resposta às exigências do mercado médico e não descarta a possibilidade de alargar a produção a outros EPI’s, que possam ser fabricados em plástico, e que sejam identificados como essenciais na luta contra este coronavírus. Tal como a GLN, muitas outras empresas nacionais se mobilizaram para responder ao desafio. “A indústria portuguesa está a reagir de uma forma fantástica e, no caso concreto das empresas de moldes e plásticos, é muito positivo que passem a ter capa- cidade para fabricar produtos que até agora não produziam”, refere José Carlos Gomes, CEO da GLN, que alerta, no entanto, para um possível excesso de concentração de projetos relacionados com os mesmos produtos. editorial Caminhamos para uma indústria mais forte, digital e ecológica? Às primeiras centenas de casos de Covid-19, a Europa percebeu que não estava preparada para uma pandemia. Não deste tipo. Nos hospitais, faltava tudo: ventiladores, luvas, máscaras, viseiras, batas, e muito mais... De repente, tornou-se óbvio que a desindustrialização do mundo ocidenta5l foi um erro. A entrega da produção de bens essenciais aos países asiáticos fragilizou-nos e deixou-nos à mercê de especuladores. Perante este cenário, a resposta da indústria nacional não se fez esperar e, em abril, um estudo da OCDE apontava Portugal como o país europeu com mais projetos inovadores de combate à Covid-19, a nível mundial. De facto, neste período, a indústria nacional mobilizou-se de forma inédita: em tempo recorde, formaram-se consórcios para produzir ventiladores, fabricaram-se moldes, adaptaram-se unidades de produção, acondicionaram-se máquinas e começaram a produzir-se todo o tipo de equipamentos de proteção individual para entregar, gratuitamente, a hospitais e restantes forças de luta contra a pandemia. Muitos destes produtos, como óculos de proteção, câmaras de entubação, suportes para viseiras, e outros mais, foram fabricados em plástico, quer por impressão 3D, quer por injeção ou extrusão. Durante a crise sanitária, tornou-se evidente que precisamos de uma indústria de plásticos forte, quer a nível nacional, quer a nível europeu. Tal como saltou à vista que o real problema da poluição marítima está no comportamento dos utilizadores e que este só mudará com a definição (e manutenção a longo prazo) de uma estratégia global de sensibilização para a boa utilização do material. Como em todas as ocasiões, a comunicação tem um papel crucial neste processo: é necessário definir circuitos claros para cada produto e comunicá-lo de forma inequívoca. Neste número da InterPLAST, damos voz ao atual presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), Amaro Reis, que analisa a reação do setor à atual crise (sanitária e económica) e antecipa os desafios do futuro próximo. Damos também conta da ‘Nova Estratégia Industrial para a Europa’, definida recentemente pela UE, que prevê a criação de mecanismos de apoio às PMEs que apresentem projetos para uma Europa mais digital e, ao mesmo tempo, mais ecológica. A transformação digital na indústria, que já estava em curso antes da pandemia, vai agora acelerar o passo. Não só pelas claras vantagens do controlo da produção à distância, mas também porque permite aumentar a eficiência dos processos de transformação, com ganhos ao nível do consumo de recursos naturais. Nesta edição, compilámos vários artigos sobre tecnologias disponíveis no mercado que podem ajudar a indústria de plásticos a ‘digitalizar-se’: desde soluções de software, a aplicações de robótica colaborativa ou novas formas de conectividade que prometem colocar todos os equipamentos a falar a mesma língua. 2020 vai, sem dúvida, ficar marcado na História, talvez não só como o ano da Covid-19, mas, provavelmente, também como o ponto de viragem para uma indústria europeia mais forte, mais digital, ecológica e colaborativa. Esperemos que assim seja e que, juntos, reunamos a força necessária para o conseguir. 05