Metas do Pacto Na apresentação do Pacto Português para os Plásticos, coube a Pedro São Simão, coordenador do Pacto e Vogal da Direção da Smart Waste Portugal, elencar as principais metas deste documento. São elas: - Definir, até final de 2020, uma listagem de plásticos de uso único considerados problemáticos ou desnecessários e definir metas para a sua eliminação; - Garantir que 70%, ou mais, das embalagens plásticas são efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e da reciclagem; - Incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico; - Garantir que 100% das embalagens de plástico são reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis; - Promover atividades de sensibilização e educação aos consumidores (atuais e futuros) para uma utilização circular dos plásticos. 18 EVENTOS Plástico: um dos maiores desafios da nossa sociedade “No entanto, de todo o plástico consumido, apenas uma pequena parte é reciclada, terminando grande parte dela no ambiente (...). Os plásticos são um dos grandes desafios da nossa sociedade. Poucos problemas ambientais despertaram tanta atenção a nível nacional e internacional nos anos recentes. E todos procuramos encontrar respostas para este desafio. É por isso que estamos aqui hoje”, vincou Aires Pereira. O presidente da Waste Portugal não tem dúvidas: “queremos cons- truir uma economia onde não existam resíduos de plástico. O que hoje chamamos de resíduo, ou simplesmente lixo, será amanhã um recurso precioso para novos produtos. Estamos aqui hoje porque queremos uma economia circular para os plásticos em Portugal. A cadeia de valor dos plásticos portuguesa uniu-se em torno de uma visão comum, para não só dar resposta a uma exigência da sociedade civil, mas também para encontrar oportunidades para o desenvolvimento de projetos e negócios mais sustentáveis e circulares”. Com este Pacto “queremos que Portugal seja um dos líderes globais na transição para a economia circular para os plásticos. Esta colabo- ração é uma oportunidade única, não só para solucionar os desafios dos plásticos em Portugal, mas para demonstrar a capacidade das alianças e cooperação para um bem maior”. Da parte da indústria de reciclagem, no entanto, surgem muitas dúvidas em relação à operacionalização do processo. Ricardo Pereira, CEO da Sirplaste, um dos principais recicladores de plás- ticos nacionais, denunciou, durante a sua apresentação, vários entraves ao estabelecimento de uma real circularidade dos plás- ticos. “Por um lado, alguns reciclados, nomeadamente o LDPE, são difíceis de integrar em novos produtos, e a tecnologia que o permita tarda em chegar ao mercado. Por outro, parece-nos que falta empenho por parte dos governos na definição de políticas que obriguem à incorporação de material reciclado na produção de peças em plástico”, afirmou este responsável. Ricardo Pereira salientou ainda que “é essencial incutir a ideia de ‘eco design’ na indústria embaladora. Os ‘brand owners’ que- rem incorporar reciclado, mas manter o aspeto e forma das suas embalagens tradicionais... Não é fácil conseguir o melhor de dois mundos”, concluiu. Reduzir o consumo Na sua intervenção, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, sublinhou que, nos próximos cinco anos, as metas deste Pacto passam por incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico, “o que vai além da Diretiva que fala num valor intermédio de 25 a 30%, e garantir que 70% das embalagens de plástico são recicladas através do aumento da recolha e da própria reciclagem”. “É muito importante que hajam sinais políticos, compromissos, e por isso aqui estamos, que haja regras e metas claras, mas é sobretudo importante que todos aqueles que estão nesta fileira, do design, à produção, à introdução no mercado e depois a todo o seu destino final, assumam este compromisso”, alertou o ministro. Matos Fernandes acrescentou: “queremos que se inicie aqui uma nova realidade para a indústria nacional e que toda a fileira esteja fortemente comprometida, no limite, com o seu próprio sucesso”. Por fim, o titular da pasta do Ambiente e Ação Climática frisou que o Pacto não fala ainda da necessidade de reduzir o consumo de plástico. “Mas é importante ter menos plástico, porque para poder- mos garantir que a nossa economia é cada vez mais circular e que o Roteiro para a Neutralidade Carbónica é uma realidade, é funda- mental que tenhamos um foco na redução”. •