K 2019 Há cerca de setenta anos, o plástico tornou-se um produto de massas. A Universidade da Califórnia estima que cerca de 8,3 mil milhões de toneladas de plástico terão sido produzidas desde então. Um estudo realizado por esta universidade mostra que o fabrico de produtos em plástico aumentou de forma acentuada, acompanhando o crescimento demográfico mundial, passando de 2 milhões de toneladas em 1950 para 348 milhões de toneladas em 2017. Assim, assistimos a um aumento substancial dos resíduos de plástico e estamos perante uma questão urgente: como geri- los de forma sensata? Dois problemas prementes estão na origem deste complexo desafio: a geração de lixo e a utilização irrestrita dos recursos, que não só prejudica o ambiente como também atrasa o crescimento económico. Enfrentar o problema Muitos países já perceberam que precisam de mudar a sua aborda- gem se quiserem aproveitar os benefícios inegáveis dos produtos plásticos. Na estratégia de gestão de resíduos plásticos apresen- tada em 2018, a UE mudou o foco para o setor de reciclagem. A China definiu a economia circular como uma meta a atingir nos próximos cinco anos. Países como a Índia e a Indonésia declararam guerra à poluição causada por resíduos plásticos. Adivinham-se também abordagens semelhantes em países africanos como a Nigéria. O aumento do volume das críticas ao plástico entre os consumidores levou vários fabricantes de marcas internacionais a comprometerem-se com a causa e adotarem as suas próprias estra- tégias de reciclagem. Empresas como a Coca-Cola, Ikea, Kraft Heinz ou Adidas prometeram aumentar a proporção de plásticos recicla- dos nos seus produtos ou embalagens. Na China, alguns fabricantes de eletrodomésticos como a Gree anunciaram que vão tornar os seus produtos completamente recicláveis. Uma junção de fatores No entanto, a implementação de uma economia circular ainda está numa fase inicial. Para que se cresça, há que cumprir vários pré- requisitos. Em primeiro lugar, precisamos de sistemas de recolha de resíduos. Para que os plásticos usados possam ser reciclados, tem de haver uma quantidade disponível suficiente. Atualmente, existem vários sistemas de reciclagem diferentes estabelecidos em diversos países. Em Portugal, por exemplo, existem modelos que obrigam a indústria e os retalhistas a participar nos custos financei- ros da recolha de embalagens e estão a ser desenvolvidos sistemas de depósito para garrafas PET. Todos os sistemas se baseiam na ideia de que os resíduos de plástico são um bem valioso que vale a pena recolher. O design do produto também é importante. Até agora, o foco principal tem sido na funcionalidade e, no caso dos bens de consumo, na aparência. No futuro, a reciclabilidade deve tornar-se um aspeto essencial a ter em conta nas fases iniciais de desenvolvimento do produto. A reciclagem é outro ponto central de qualquer economia circu- lar. Precisamos de tecnologias que permitam a limpeza, separação, trituração e peletização de plásticos usados para garantir a sua reutilização. Muitas destas tecnologias já existem, no entanto, a qualidade do material reciclado é muitas vezes um problema. Para se produzirem de peças de plástico de alta qualidade é necessário material reciclado puro. Na prática, porém, é praticamente impos- sível prever a pureza do material secundário gerado a partir de plásticos reciclados. Por isso, Thorsten Kühmann, diretor executivo da associação alemã VDMA, propõe a implementação de um sis- tema de normalização de materiais reciclados. "Até agora, nenhum comprador de matéria reciclada sabe que qualidade irá receber quando faz uma encomenda. Este fator faz com que o processo seja 17 Durante a K 2019, diversos expositores apresentarão os seus contributos para a ‘economia circular’.