Tal como previsto, a maquinação a seco conquistou a área da fabricação de engrenagens. As velocidades de corte são até 5 vezes superiores às da maquinação húmida de há 20 anos. Foto: Klingelnberg. AUTOMÓVEL 46 Este especialista estima que a MQL seja utilizada na maquinação de cerca de 15% dos novos componentes produzidos em grandes séries e que esse valor suba para 70% na perfuração profunda de cambo- tas. “A MQL continuará a crescer nas outras áreas de aplicação que acabei de mencionar”, diz Keppler. “O boom na maquinação MQL, previsto há cerca de 20 anos, acabou por ter uma maior expressão no setor automóvel, que explorou as vantagens deste processo, nomeadamente no fabrico de peças fundidas e forjadas. As grandes quantidades envolvidas permitiram a realização do trabalho de I&D correspondente. Nos próximos tempos, deverão surgir novas áreas de aplicação relacionadas com a mobilidade elétrica e a fabricação aditiva. A grande vantagem da MQL reside na economia de custos em recursos como petróleo, água e energia”. Além disso, este pro- cesso permite manter as peças de trabalho secas, evita o arraste de emulsão e a contaminação nas baías de produção, além de ajudar a reduzir os riscos para a saúde associados. "O constante desenvol- vimento de materiais e aplicações coloca novas exigências sobre os processos de maquinação e, portanto, sobre os sistemas MQL. Daqui nascerão, sem dúvida, soluções interessantes", diz Keppler. O que dizem os cientistas? “Graças aos modernos materiais de corte, a maquinação a seco foi introduzida em quase todas as áreas da produção. A crescente pressão dos custos, mas também o consumo de energia e os aspe- tos ecológicos estão a levar a um renascimento desta tecnologia”, diz o Dr. Ivan Iovkov, diretor de Tecnologia de Corte do Instituto de Tecnologia de Maquinação ISF da Universidade Técnica de Dortmund. "A maquinação a seco não é apenas usada na fresagem ou no torneamento convencionais. Também na perfuração profunda e no corte de engrenagens estão a ser feitos esforços para minimi- zar ou evitar completamente o uso de lubrificantes de refrigeração. No entanto, os processos de corte e a tecnologia ainda precisam de algumas adaptações”. A maquinação a seco tende a ser mais comum em grandes empresas, que processam grandes quantidades, do que em pequenas empresas especializadas em componentes complexos e de alta precisão. “Acho que, no futuro, teremos tanta maquinação a seco como a húmido”, prevê. "Para decidir se a maquinação a seco faz sentido ou se envolve custos de adaptação do processo desproporciona- damente elevados, temos de ter uma visão holística da produção. O desenvolvimento contínuo da tecnologia de dispositivos e reves- timentos MQL, a crescente precisão do parque de máquinas, mas também a digitalização - por exemplo, através da monitorização das variáveis relevantes durante o processo - tornarão possível, no futuro, realizar cada vez mais maquinação a seco ou MQL sob con- dições práticas robustas”. Em resumo, é muito cedo para falar da substituição preventiva de processos de maquinação convencionais por maquinação a seco ou por MQL, uma vez que a maquinação a húmido (com maiores quantidades de lubrificante de refrigeração) ainda representa apro- ximadamente 85% dos processos. No entanto, a solução a seco está a conquistar cada vez mais adeptos, tanto no setor de maquinação geral como, acima de tudo, em áreas especiais. Na segunda parte do relatório técnico, os fabricantes de máquinas e ferramentas adotam Para decidir o processo a adotar (maquinação a seco, MQL ou um processo tradicional) os utilizadores devem assumir uma visão da produção. Foto: Dag Heidecker.