Gigantes digitais anunciam a introdução de veículos autónomos no futuro próximo É provável que a cadeia de valor na condução autó- noma passe do fabrico tradicional de automóveis para a introdução de bens e serviços tecnológicos ofereci- dos pelas empresas de tecnologia e telecomunicações. Neste contexto, a convergência entre indústrias, ou seja, a cooperação bilateral e multilateral entre fabri- cantes de automóveis e fornecedores não automóveis (gigantes tecnológicos), bem como a cooperação académica com universidades e centros de investi- gação serão da maior importância. Nas palavras de Joern Buss, sócio de Oliver Wyman e autor do relató- rio ‘A indústria automóvel enfrenta uma tempestade perfeita entre uma nova tecnologia transformadora e uma mudança no comportamento dos clientes’, "o futuro trará tempos difíceis, que afetarão não só os fabricantes, mas também os fornecedores, muitos dos quais terão de reavaliar as suas atuais estratégias empresariais, a fim de se manterem competitivos no futuro”. Ainda que o crescimento da indústria automó- vel mundial se preveja positivo, será acompanhado de importantes mudanças estruturais e de pressões acrescidas sobre os custos, para as quais a indústria não está preparada. 36 AUTOMÓVEL Entre 2025 e 2030, os veículos autónomos terão atingido um nível de automatização total. Quinze por cento de todas as vendas de veículos novos contarão com esta tecnologia. De acordo com Alejandro Gaffner, sócio de Oliver Wyman em Espanha, “a implementação da mobilidade elétrica virá tanto pela regulação como pela redução do custo das baterias e pela implementação de uma infraestrutura de pontos de recarga sufi- cientemente ampla para responder à procura”. A condução autónoma está ainda numa fase inicial, mas espera- -se que atinja níveis de automatização completos entre 2025 e 2030. De acordo com o relatório, 25% de todos os veículos novos vendidos em 2030 estarão equipados com sistemas de automa- ção parcial; apenas 15% das vendas serão de veículos totalmente autónomos. China ganha terreno no segmento premium A criação de valor na indústria automóvel mundial deverá mudar significativamente a favor dos mercados emergentes. De acordo com o estudo, em 2030 a América do Norte, a Europa, o Japão e a Coreia terão perdido 10 pontos percentuais da sua quota de cria- ção de valor para os mercados emergentes. “A China ultrapassará a Europa num período de tempo relativamente curto e assumirá uma posição de liderança na produção”, disse Joern Buss. A Europa continuará, no entanto, a dominar o segmento premium, mantendo 50% da criação total de valor, mas com a companhia da China, que deverá aumentar a sua presença neste segmento de 13 para 20%. •