ENTREVISTA 12 A EMO não é uma feira alemã, é uma feira líder mundial Estas soluções permitem otimizar a produção no que diz respeito ao espaço ocupado no chão de fábrica, mas também no que diz respeito à qualidade da peça final, que não precisa de passar de uma máquina para a outra. Existe alguma tendência técnica que queira destacar? Nesta área, a evolução é gradual e vemo-la em todos os aspetos. Mas a tendência do momento é, sem dúvida, a indústria 4.0: novas funcionalidades baseadas em informação. E estamos a falar não só de um processo vertical, em que obtemos dados da máquina e do processo, analisamo-los e, com base neles, apresentamos ao cliente novas funcionalidades, mas também de um processo horizontal, que permite otimizar todo o fluxo logístico da encomenda. Muitas feiras europeias dedicadas a esta área têm dificuldade em atrair expositores e visitantes. Que fatores contribuem para o suces- so sistemático da EMO? Bom, em primeiro lugar, a EMO não é uma feira alemã, é uma feira líder mundial. Além disso, neste certame só podem expor fabrican- tes. Este é um ponto fulcral para atrair visitantes: noutras feiras que não têm esta exigência, muitas vezes o expositor é um repre- sentante de inúmeras marcas que apenas disponibiliza ao visitante informação comercial e não técnica. Na EMO, os expositores dispo- nibilizam técnicos especializados que estão lá para dar ao visitante pormenores técnicos dos equipamentos. Outro fator importante é o facto de, uma vez que esta é a feira líder do setor, muitas empre- sas esperem pela EMO para aí apresentarem as suas inovações. Portanto, nesta feira temos, de facto, uma visão geral do estado da arte e das novidades do setor. Por outro lado, na perspetiva do expositor, ele sabe que cerca de 50% dos visitantes da EMO são estrangeiros. Ao expor nesta feira, ele sabe que vai encontrar 75 mil visitantes de todos o mundo, inclusive da Ásia. Finalmente, quantos expositores Portugueses vão estar presentes? Quatro. Mas poderiam ser mais: este ano teremos uma nova área de exposição especialmente dedicada à IoT, onde poderão expor empresas que desenvolvem soluções de software para a análise de dados ou para a segurança na transmissão de informação. O cliente quer ter a certeza que a informação que sai da máquina, para trata- mento informático, não é usada nem conhecida por mais ninguém. Esta é uma área com muita procura e onde, certamente, Portugal poderia ter mais expositores. • e equipamentos alemão assistiu a uma redução em cerca de 10% nas encomendas. Mais uma vez, é um abrandamento que parte do ponto mais elevado de sempre. E, por outro lado, acaba por ter aspetos positivos, pois permite às empresas diminuírem os prazos de entrega, e isso também é importante. Quais são os principais países de destino das máquinas-ferramentas alemãs? Em primeiro lugar, a China, em segundo os EUA, seguidos de Itália e de França. E Portugal? Portugal ocupa o 27o lugar. Alguns países, como a China, são uma boa oportunidade para os europeus venderem mais máquinas, mas também uma ameaça, por- que também são fabricantes. Concorda com esta afirmação? A China não é nosso concorrente direto em termos de equipamen- tos tecnologicamente avançados. Os fabricantes chineses vendem em mercados onde as nossas empresas não estão. Em alguns mer- cados menos exigentes, o que pode acontecer é o cliente comprar equipamentos chineses de gama média para um setor da produção e colocar máquinas europeias apenas nas fases finais de acabamento. Que tipo de máquinas são mais procuradas nesta altura? Os centros ‘multitask’ ainda são uma opção importante? É difícil dizer porque as várias tecnologias têm pesos diferentes na produção. Podemos dizer que, no geral, um terço dos equipamentos vendidos são de conformação e dois terços são de corte. Depois, dependendo da cadeia de valor, existe uma procura maior de centros de maquinação e de tornos do que de retificadoras, que só são utiliza- das no final do processo e, como tal, é natural que se vendam menos. Em termos globais, podemos dizer que, nos últimos anos, assisti- mos a um aumento da procura em todos os tipos de máquinas. E, como disse, as máquinas multitask’, ou seja, que combinam várias tecnologias, como torneamento e fresagem, fresagem e retifica- ção ou fresagem e impressão 3D, ainda têm uma grande procura. 12<<