DOSSIER AMBIENTE E ENERGIAS RENOVÁVEIS 79 Catarina Selada, do Ceiia, em destaque na imagem. «Este caminho para a neutralidade carbónica, que está previsto para 2050, tem de ser mais rápido. Além disso, temos um curto período de tempo para conseguirmos reduzir as emissões de carbono», frisou. Catarina Selada relembrou ainda mais três relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas e Biodiversidade, que vem colocar este tema na agenda e apelar à ação. «O primeiro relatório, publicado em novembro de 2018, que fala de emergência climática, da urgência da ação e diz-nos que a tempera- tura não vai poder aumentar mais do que 1,5 graus centígrados em relação ao período pré-Industrial. O segundo relatório, publicado em maio de 2019, e que tem que ver com a Biodiversidade, e aqui a preocupação é não só com as alterações climáticas mas também com a proteção dos ecossistemas, e é já um facto que milhares de espécies estão em risco de extinção nos próximos anos. O terceiro e último relatório, foi conhecido há poucos dias, no âmbito da Cimeira Climática da ONU, e que tem que ver com os oceanos, cada vez mais quentes e ácidos, sendo que milhares de pessoas irão ser radical- mente afetadas pela subida do nível do mar». A representante do Ceiia vinca que «todos estes factos remetem para a ação e esta tem de ser concretizada coletivamente pelas empresas, entidades públicas (nacionais e locais), associações e também pelos cidadãos». Neste seguimento, deu a conhecer a solução AYR – Valorização das emissões evitadas –, vincando que «a mobilidade é decisiva na construção de cidades neutras em carbono por dois motivos: pri- meiro, atualmente contribui em 25% para as emissões de carbono em Portugal e na Europa. Em segundo lugar, é um setor onde estas emissões têm vindo a aumentar». «Assim, no Ceiia, desenvolvemos um novo conceito que tem associada uma plataforma tecnológica, em que os projetos estão centrados na redução de emissões de carbono no setor da mobilidade. A AYR é a primeira plataforma de quantificação, valorização e transação de emissões de carbono evitadas que recompensa comportamentos de mobilidade sustentáveis», informou Catarina Selada. «O conceito baseia-se numa plataforma, que permite fazer a quanti- ficação, a valorização e transação destas emissões, recompensando os cidadãos que adotam modos de mobilidade e comportamentos mais sustentáveis. É uma plataforma que assenta muito na mudança comportamental», disse. A AYR conta com três funcionalidades: • Quantificar - a plataforma quantifica, em tempo real, as emis- sões de CO2 evitados pela adoção de modos de mobilidade sustentável); • Valorizar - a plataforma converte as emissões de CO2 evitadas em créditos verdes digitais (token AYR) que são armazenados na carteira digital do utilizador (app); • Transacionar - os tokens AYR podem ser trocados por bens e ser- viços verdes (serviços de mobilidade sustentáveis, carregamento de veículos elétricos, etc), criando um mercado local de carbono. O potencial da iluminação pública Ricardo Martins, Business Development Manager da Signify, abor- dou a temática do “potencial da iluminação pública”. O responsável fez questão de realçar o que a ciência já comprovou: «os últimos anos foram os mais quentes de sempre. A verdade é que o degelo na Gronelândia está a acontecer. Só em 2018, perderam-se cerca de 40 mil toneladas, o equivalente à água que é necessária consumir nos próximos 40 anos por toda a população mundial. A juntar a isso temos o drama dos incêndios, agravados pelas alte- rações climáticas, e que se nada fizermos, são fenómenos que têm tendência para se agravar nos próximos anos. Julho de 2019 foi o ano mais quente de sempre. Temos todos um papel fundamental».