GRANDE ENTREVISTA | JORNADAS APFM A nível de projeção a 10, 15 anos, a tecnologia crescente nos edifícios vai ser imparável, a gestão vai ter ferramentas cada vez mais sofisticadas, cada vez mais em tempo real. Vai haver uma sofisticação tecnológica crescente com base na IoT e o gestor vai ter cada vez mais ferramentas para tomar decisões fundamentadas, em tempo real 64 Uma ferramenta muito importante nesta questão da gestão de edifí- cios e cada vez mais usada. Falamos de uma ferramenta que é presente e obrigatória a nível de projeto, em alguns países e que será, sem dúvida, generalizada no futuro. O que é que as organizações mais robustas fazem? Estão a fazer a modelação em BIM dos seus edifícios e estão a ligar essa modelação a um conjunto de identificadores nos equipamentos. Ou seja, ligam a modelação 3D à exploração/manutenção do edifício, aplicando a realidade aumentada. E é uma prática que os grandes promotores de imobiliário, internacionais, já requerem. Quais são as principais vantagens que destaca? Tem várias. Mas, começando pela fase de projeto: os projetos das várias especialidades podem ser compatibilizados entre si. E com módulos BIM adequados detetam-se colisões entre projetos. O BIM tem a vantagem de tornar os projetos mais colaborativos, minimizar incompatibilidades entre projetos das várias especialidades, agilizar toda a obra, sobretudo evitando erros na execução, paragens para tomada de decisão face a omissões de projeto, e facilitando a fase de exploração. Isso resolve muitos problemas. Sem dúvida. Agiliza intervenções de reabilitação, de alteração de uso, adaptação de instalações, melhorias, intervenções em redes de águas e esgotos, etc. É certo que pode ser mais dispendioso a nível de projeto, mas na fase de execução permite maior rapidez, redu- zem-se as incompatibilidades entre especialidades, e minimizam-se derrapagens de custos de execução. E na fase de exploração? Na fase de exploração, nomeadamente na área de manutenção, temos o rastreio tridimensional do edifício, é possível visualizar as infraestruturas de suporte, e permite com base na realidade aumentada, realizar as operações de manutenção, de uma forma muito mais rápida. Repare, eu não preciso do técnico que conheça profundamente a instalação, porque um técnico qualificado de uma determinada área desloca-se ao local, visualiza o equipamento a intervencionar, em 3D, tem o suporte da lista de operações a exe- cutar e sabe portanto o que tem de fazer. Falamos portanto de uma modelação virtual, que representa uma tecnologia muito mais forte e impactante do que a passagem da representação em papel para o AutoCAD. O BIM vai ser o futuro. Não tenho a menor dúvida disso. E em Portugal tal não será exceção. Mas em Portugal ainda falta fazer um caminho nesta matéria. Em Portugal, a crise económica atingiu também muitos gabinetes de projeto, e muitos destes gabinetes tiveram de se projetar para a Europa e para outras geografias. Esses gabinetes atualmente trabalham em BIM. Há empresas que fazem formação em BIM e é importante que os profissionais projetistas, diretores de obra, e responsáveis pela gestão e exploração, mesmo que não aprendam a trabalhar em BIM, o conheçam, e percebam as suas potenciali- dades e os benefícios que pode aportar. Há uma Comissão Técnica instituída, através do IPQ, que já lançou um Guião sobre BIM. Além disso, espera-se que em breve seja editada uma norma portuguesa sobre BIM. A nível internacional há um conjunto vasto de publica- ções disponíveis. Por fim, é importante que as pessoas percebam que há um investimento na fase de projeto que se reflete na cons- trução, com menor número de resolução de incompatibilidades entre especialidades em fase de obra. Na fase de exploração do edi- fício, as debilidades detetadas serão reduzidas havendo portanto vantagens na aplicação do BIM. Nesta área da gestão de edifícios e ambientes de trabalho, a APFM coloca as pessoas no centro de tudo. Foi esse o mote para as Jornadas APFM (“A new life inside”). São as pessoas quem também irão impulsionar esta área? Sem dúvida. O redesenho no interior dos escritórios tem que ver com as pessoas. E nós na associação tivemos a preocupação desde