GRANDE ENTREVISTA | JORNADAS APFM Quais são essas vertentes? Uma delas passa pela divulgação da associação. Temos trabalhado diversas áreas, desde o site, com novas e mais ferramentas de informação, que nos ajudam a melhorar a nossa comunicação junto do setor e dos outros profissionais que necessitam de informação sobre temas da área do FM. Outra vertente prende-se com uma forte aposta na produção de documentação técnica, nomeadamente o apoio ao Instituto Português de Qualidade (IPQ) para a produção de documentação de normas nesta área. Com a anterior presidência – e ainda hoje – estava a dirigir esse grupo. Falo da Comissão Técnica 192 junto do IPQ, sendo que a sua missão passa por elaborar as versões portuguesas das normas europeias – trabalho já realizado com a excelente colaboração de uma vasta equipa de profissionais de diversos setores e que atualmente está a produzir as versões em português das normas ISO. É um aspeto muito importante, porque se trata da regulamentação de uma atividade com importância económica, que se vai expandir e que necessita de adoptar as boas práticas que as normas introduzem. A terceira vertente deduzo que seja a da Formação. Sem dúvida. E destaco a criação de uma pós-graduação numa escola pública, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, onde sou professor. Trata-se de um curso de 480 horas letivas, presenciais, durante um ano. Paralelamente temos feito, com alguma regulari- dade, pequenas formações, muito focadas em módulos – de 12, 16 horas – com temas muito específicos. E fazemos igualmente sessões de esclarecimento na associação, com temas precisos, que consi- deramos de interesse para os associados e profissionais da área do FM: gestão de contratos, eficiência energética, normalização em FM, contratação, manutenção de edifícios, sensorização de edifí- cios, BIM, entre outros temas. O objetivo destas sessões visa atrair associados, outros profissionais e partilhar experiências. Para além disso, temos feito com os nossos parceiros, uma análise comparativa de indicadores, no sentido de saber qual o cenário nacional sobre o FM. Se perguntar a alguns gestores, qual o custo de exploração anual por posto de trabalho, de uma instalação, considerando cus- tos com água, electricidade, gás, limpeza, segurança, manutenção, ETC., e como se comparam esses custos da sua organização, com as congéneres, é provável que não obtenha resposta assertiva. Falando da gestão integrada de edifícios e de locais e ambientes de trabalho, em que ponto é que Portugal se encontra e que modelos europeus são exemplos a seguir? Portugal neste aspeto e referindo-me apenas a edifícios de serviços – sejam hospitalares, escritórios, etc. – diria que há empresas que já fizeram e outras que estão a fazer um salto qualitativo. Grandes empresas? Falo basicamente de empresas multinacionais. E estas já perceberam que têm que alinhar pelas melhores práticas e já estão a adotar, a nível dos edifícios, a sensorização crescente nos equipamentos. A gestão das infraestruturas é feita com base na monitorização em tempo real de um conjunto de parâmetros que os próprios equipamentos indicam, no sentido de se perceber, perante um determinado equipa- mento, se o desempenho está como devia ou se é inferior ao esperado. E isso melhora imenso a questão das poupanças e consumos, no fun- do a tal gestão. Sim, sem dúvida. Ou seja, o que se pretende é que não haja falhas funcionais nos equipamentos. Nós queremos atuar quando existir uma falha potencial, quando o desempenho for inferior ao espe- 63 Seja num hospital, numa escola ou escritório, nós queremos que as pessoas sintam um ambiente confortável. E numa instalação industrial, que produzam com qualidade, com zero defeitos, com zero desperdícios, com zero acidentes, e que estejam felizes no posto de trabalho rado, abaixo de um determinado nível, ou seja, quando se começa a detetar a chamada falha potencial. E é nessa fase que devemos intervir. E vamos repor as condições normais de funcionamento do equipamento, sem deixar que ocorra uma falha funcional. Este é um caminho, que é técnico mas que diz respeito à qualidade de vida dos ocupantes, pois falhas em infraestruturas de suporte afetam a fun- cionalidade das instalações e consequentemente o bem estar dos ocupantes. A análise de todos os parâmetros é, pois, essencial. É fundamental. Para além disto, e já se faz em Portugal e noutros países, a instalação em espaços (nos pilares, vigas, tetos, etc.) de sensores que medem um conjunto de parâmetros em tempo real (temperatura, humidade relativa, dióxido de carbono, monóxido de carbono, partículas em suspensão, COV’s, ....), e que, independen- temente da análise periódica da qualidade do ar, mais sofisticada e abrangente que é preciso fazer, por exigências legais, permitem que fiquemos a saber, em tempo real, os valores dos parâmetros de fun- cionamento no interior do espaço. E podemos intervir nos sistemas de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) se necessário, para repor os parâmetros desejados. E isto é importante, sobretudo para as pessoas, que exigem cada vez mais qualidade dos espaços onde trabalham. Adicionalmente, e aproveitando a oportunidade, gostava de falar do BIM – Building Information Modeling – basica- mente uma representação tridimensional e virtual do edifício, com todas as suas componentes: arquitetura, estrutura e especialidades.